sexta-feira, 18 de maio de 2012


Thereza Collor: 'Não sei se tenho gás para política. É perigoso'

Vinte anos depois do impeachment de Collor, a alagoana fala sobre o filho que deve se candidatar este ano: 'É uma novidade para mim'

Nara Alves, iG São Paulo 
Foto: Edu Cesar/FotoarenaA historiadora Thereza Collor, em sua exposição 'Joias do Deserto', na Fiesp
Ela tinha 29 anos quando chamou atenção num tailleur xadrez ao lado do marido, Pedro Collor de Mello, durante uma coletiva de imprensa em meio às denúncias de corrupção que culminaram no impeachment do irmão, o então presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. Agora com 49 anos, Thereza Collor continua atraindo olhares admirados por onde passa, mas prefere acompanhar de longe os acontecimentos políticos do País.
Neste ano, no entanto, Thereza Collor terá um forte motivo para voltar à cena política. Seu filho mais velho com Pedro, batizado de Fernando em homenagem ao tio ex-presidente, tem hoje 28 anos. Com o sobrenome do avô materno, o usineiro e deputado federal João Lyra (PSD-AL), Fernando será candidato do PSD a vice-prefeito de Atalaia, município próximo a Maceió, em Alagoas.
"Não sei se tenho gás para a política. É muito perigoso", desabafa Thereza Collor sobre sua participação na campanha do filho em Atalaia. O receio se justifica. Segundo ela, na época das denúncias contra o presidente Collor, Thereza e sua família receberam ameaças e decidiram se mudar para Miami, nos Estados Unidos, onde moraram por um ano. Regressaram ao Brasil e, um ano depois, Pedro Collor morreu vítima de câncer, em 1994. Há mais de 10 anos Thereza é casada com o empresário Gustavo Halbreich.
"Meu filho se interessar por política é uma novidade para mim. Ele trabalha com meu pai na parte de comunicação da empresa. Política não seria minha primeira opção", lamenta. Para alento da mãe, o filho mais novo de Thereza e Pedro, Victor Collor, de 25 anos, optou pela fotografia e vive na capital paulista.
A campanha eleitoral de 2012 poderá ser uma reedição da briga da família Collor de 20 anos atrás. Isso porque em outubro, o filho de Thereza enfrentará nas urnas Rodrigo Vigário, candidato do PTB, partido do tio, hoje senador por Alagoas. “Ele (o senador Fernando Collor) não apoia (o sobrinho Fernando Lyra) porque eles estão em partidos opostos. Pode acreditar. Essa família tem cada uma...”, diz.
“Ele (o senador Fernando Collor) não apoia (o sobrinho Fernando Lyra) porque eles estão em partidos opostos. Pode acreditar. Essa família tem cada uma...”
Morando com o marido em São Paulo, a alagoana conta que vai todo mês para Alagoas, onde tem uma fazenda. A historiadora, contudo, procura não se envolver com questões da política local em Maceió e região, onde seu pai, com quem fala muito pouco, é bastante influente. “Trabalho por Alagoas porque gosto de lá. Fiz muita coisa na Secretaria de Turismo, mesmo depois que saí de lá. Mas o meu partido é o Estado", afirma.
Foto: Edu Cesar/FotoarenaThereza mostra as peças que trouxe de viagens a regiões desérticas
Política no deserto
Dona de uma coleção de 2 mil peças entre brincos, colares, braceletes e outros adornos antigos produzidos em regiões desérticas do Oriente, Ásia e África, a historiadora Thereza Collor exibe seu acervo na exposição “Joias do Deserto”, em cartaz na capital paulista até o dia 10 de junho. O assunto, ao contrário da política nacional, lhe desperta verdadeira paixão. E suas posições sobre a conduta de líderes internacionais demonstram em grande medida seu sentimento com relação às mudanças que julga necessárias no Brasil.
Ao falar sobre a primavera árabe, "que virou verão, outono e inverno", Thereza Collor observa como os regimes ditatoriais acabaram com qualquer tipo de organização de forças políticas partidárias. Os líderes  que antes comandavam os países árabes dominavam a população pela força e por meio da corrupção. "Na Líbia, para se manter no poder, a família (Muamar Kadafi) se armou pela força. Eles investiram no controle pela força em detrimento do bem estar social. Na Síria, é uma corrupção louca. O irmão controla isso, o primo aquilo. E você deixa de pensar no país para se perpetuar no poder”, considera.
Na Síria, é uma corrupção louca. O irmão controla isso, o primo aquilo. E você deixa de pensar no país para se perpetuar no poder”
“No Nordeste do Brasil tem isso também. As pessoas querem se perpetuar e adotam esse tipo de postura”, diz, sem citar nomes. "Aqui temos muitos partidos, muitos políticos e pouca eficiência", completa.
Thereza compara a situação dos ditadores com líderes que têm legitimidade. “Um sultão, por exemplo, não fica com essa história de roubar porque sabe que não precisa se reeleger. A rainha Elizabeth não precisa ficar comprando os súditos para votarem nela. Eu não sou a favor da monarquia, mas é um poder legítimo, que não precisa da força ou da corrupção”.
Thereza Collor critica também a postura do brasileiro. “As pessoas aqui não têm memória”, afirma. Os eleitores alagoanos podem não ter se lembrado do impeachment de Collor ao elegê-lo senador, mas certamente se lembram de Thereza. E na maioria das vezes com admiração".
Ela conta que um dia chegou à sua exposição na Fiesp, na avenida Paulista, com uma mala cheia de livros e não tinha como voltar para casa. Nesta situação, foi abordada por uma senhora de mais de 80 anos e a filha. As duas agradeceram Thereza pela exposição. Na conversa, trocaram informações sobre onde moravam.
“Quando elas disseram que moravam no mesmo bairro que eu, pedi uma carona. Desci a escada todinha com a mala de chumbo na mão, atravessei a Paulista, cruzei toda a quadra e, quando chegamos no estacionamento, vi que o carro era uma Saveiro”, conta. Como na caminhonete Saveiro cabem apenas duas pessoas, o motorista e um passageiro, Thereza se ofereceu para pegar um táxi, mas as admiradoras não concordaram. A filha, então, colocou a mãe no táxi e fez questão de levar Thereza Collor até sua casa. "Algumas pessoas quando me veem ficam emocionadas", diz.

Está aberta a temporada de inverno em Campos do Jordão

Cidade montanhosa, que se define como a Suiça Brasileira, fica a 170 Km da capital paulista e é destino certo nos dias mais frios

Rafael Bergamaschi, de Campos do Jordão* 
Todo ano a história se repete. Quando chega o mês de maio e o friozinho começa a apertar na região sudeste do País, principalmente na capital paulista, Campos do Jordão enche de turistas. A pequena região montanhosa a 170 quilômetros de São Paulo está longe de ser o destino de inverno mais original, mas esse, talvez, seja o principal trunfo da cidade. É possível relaxar nas redondezas cheias de natureza virgem, mas agito não falta nunca.
Ao todo são 180 restaurantes e bares, três casas noturnas e dez chocolaterias distribuídas pela cidade onde habitam menos de 50 mil pessoas. Durante a alta temporada, que vai da segunda metade de maio ao fim de agosto, juntam-se a esses números outros 65 estabelecimentos temporários. Incremento necessário para atender aos 700 mil turistas que frequentam a cidade nesse período.
 
Foto: Flickr/Rodrigo_SoldonA Vila Capivari é o grande centro turístico da cidade
Se o número de viajantes que invadem a cidade significa que não faltará oportunidade para conhecer pessoas novas no barzinho ou dançar na pista lotada de uma balada, também significa que o prosaico ato de se movimentar na rua pode se tornar um desafio. Prepare-se para filas imensas e grandes aglomerações de pessoas. Sempre.
Veja também: 10 passeios bate e volta saindo de São Paulo 
Campos do Jordão é, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a cidade mais fria do Brasil, com média de 8,1º C. E foi em torno do inverno que a cidade se moldou. Praticamente tudo faz referência à estação. O centro de compras Aspen Mall, o restaurante Nevada e a pousada Canadá Lodge não deixam dúvidas disso.
As construções em enxaimel, técnica na qual as paredes são montadas com hastes de madeira intercaladas com cimento, remontam a países de inverno rigoroso, como Alemanha, Holanda ou Suíça. Este último, aliás, parece ser o principal modelo da cidade, que se autoproclama a “Suíça brasileira”.
Foto: DivulgaçãoCervejaria Baden Baden é quase uma instituição em Campos do Jordão
Vila Capivari
Centro turístico de Campos do Jordão, é na Vila Capivari que tudo acontece. Como um grande Shopping Center a céu aberto, o bairro concentra os principais restaurantes, bares e lojas da cidade. Marcas de renome como Ellus, Levi’s, Calvin Klein e Carmim estampam suas roupas nas vitrines da região. Só não espere nenhuma barganha: os preços são os mesmos praticados nas cidades grandes. 
O carro-chefe gastronômico é o fondue. De queijo, carne ou chocolate, o prato que nasceu em Zurique é quase um cartão-postal. No empório e restaurante Matterhorn (nome que remete à mais conhecida das montanhas dos Alpes suíços), existente desde 1987, o fondue de queijo leva alho e noz moscada no tempero. Já oLudwig Restaurant se especializa no fondue de carne, com nove opções de molhos que vão de geleia de pimentão a chutney de manga.
A cerveja artesanal local, Baden Baden, é quase uma instituição em Campos do Jordão. Ela está por todos os lados, em todas as mesas. A choperia da marca enche até mesmo fora da temporada e artigos com seu logo são vendidos como souvenires da cidade na loja adjacente. De dia, famílias e casais apreciam chope e porções de salsichão ou batatas-fritas. À noite, grupos de jovens entre 18 e 27 anos frequentam o lugar pela badalação. No inverno, a Baden Baden ainda abre estandes temporários.
Depois de algumas cervejas, enquanto alguns vão para casa curtir o aconchego do quarto do hotel nas noites frias, os mais animados se dirigem a alguma das baladas da cidade. No Taboo Club, que abre só durante o inverno, vertentes variadas da música eletrônica embalam público jovem. Outra opção é a sede local da Pucci, balada que opera também em São Paulo e Riviera de São Lourenço. Hip Hop e música eletrônica costumam ditar as noites da casa.
Foto: Flickr/Gabriel PevideBairro de Capivari é um grande shopping center a céu aberto
Durante a temporada, alguns eventos especiais acontecem em Campos do Jordão. Ainda que a programação de 2012 não tenha sido divulgada, é possível contar com estandes de grandes marcas esplahados pela cidade. A Nestlé é uma das empresas que batem cartão anualmente na cidade. No Boulevard Nestlé, um grande galpão no centro da cidade, é possível fazer degustações de produtos da marca, além de outras atividades.
Em julho também acontece há dez anos o Passeio de Cães, que nada mais se trata do que um desfile de cães por Campos do Jordão. Os donos inscrevem seus bichinhos gratuitamente, e estes concorrem em diversas categoria, inclusive a curiosa "cão com o dono (a) mais bonito (a)".
Curiosidades à parte, de 30 de maio a 29 de julho acontece também o Festival de Inverno Campos do Jordão, que conta com concertos quase diárias de música clássica no Auditório Claudio Santoro. Destaque para a Orquestra Sinfônica do Estado de São Pauo (OSESP), que comanda o evento em 2012 e fará algumas apresentações.
Trilhas e caminhadas
Agito não é bem o que você busca, mas também não quer deixar de aproveitar as temperaturas baixas de Campos do Jordão no inverno? O melhor a fazer é se hospedar em um hotel longe de Capivari. Além disso, aproveite a viagem para ficar mais perto da farta natureza da região e das belas vistas proporcionadas pelas montanhas.
O pico mais famoso é o do Morro do Elefante. Um teleférico em Capivari leva os turistas a até 550 metros no morro. Os outros 1.250 metros devem ser a pé ou cavalgando.
O complexo Pedra do Baú, que fica em São Bento do Sapucaí, reúne três rochas: a Pedra do Baú (1950 m de altura), o Bauzinho (1760 m de altura), e a Ana Chata (1670 m de altura). Um caminho por estrada de terra permite fazer boa parte da trilha e enxergar a vista magnífica. Com mais uma hora e meia de caminhada, chega-se ao pico.
Foto: Flickr/Leandro's World TourDo Morro do Elefante, é possível ver Campos do Jordão de cima
O pico mais alto é o do Itapeva, com 2030 metros de altura, que, na verdade, fica em Pindamonhangaba, mas o acesso é feito por estrada de asfalto que sai de Campos do Jordão. Do alto, 15 cidades do Vale do Paraíba podem ser avistadas. 

Quem aprecia flores e paisagismo pode visitar o Amantikir. O parque, inaugurado em agosto de 2007, possui 22 jardins que ocupam 35 mil metros quadrados. Diversas culturas de jardinagem são representadas e passeios guiados contam um pouco da história de cada uma.
Onde ficar: (Dos mais caros aos mais baratos)
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(*) O repórter viajou a convite do hotel Blue Mountain Hotel & SPA 
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Eleitores estreantes querem melhoras na saúde, educação e transporte

Decepção com os governantes, corrupção e a falta de interesse da população também são pontos comuns entre os jovens de 16 e 17 anos que vão votar pela primeira vez em 2012

Emílio Franco Jr, especial para o iG 
Em outubro, quase 140 milhões de brasileiros devem ir às urnas escolher os prefeitos e vereadores de suas cidades. Desse total, aproximadamente 2,5 milhões, de acordo com dados atualizados em abril pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), vão votar por livre e espontânea vontade. São jovens de 16 e 17 anos que, mesmo sem obrigação, optaram por participar do processo democrático.
Foto: Getty Images2,5 milhões de jovens de 16 e 17 anos devem ir às urnas em outubro
O estudante curitibano Lucas Zantut, de 16 anos, se prepara para sua primeira eleição. Ele conta que resolveu tirar o título para exercer o direito que lhe é dado pela democracia, mas é cético quanto ao poder individual do voto. “Não acredito que sozinho seja capaz de mudar o local onde vivo, mas a consciência de ter feito minha parte é o mais importante”, acredita.
Letícia Ghiggino, de 17, critica esse tipo de pensamento. “Se todos tiverem essa mentalidade, de que o voto não fará a diferença, nunca teremos pessoas competentes”, afirma, apesar de acreditar ser difícil mudar a realidade.
A visão de Guilherme Domingos Cardoso, de 17 anos, é pouco mais positiva. Ele acredita que o voto pode transformar as cidades. “Nós elegemos nossos representantes e suas propostas e após a eleição é nosso dever fiscalizar o cumprimento das promessas”, afirma o morador de Santo André, em São Paulo, que resolveu tirar o título para ter seus interesses representados e também fiscalizar os políticos.
Letícia mora em São Paulo e sabe exatamente o que quer dos políticos. “Eu espero que melhorem a cidade, mas está difícil achar alguém competente o suficiente para fazer as mudanças necessárias”, diz sem esconder seu desânimo antes de assumir: “não tenho confiança nos políticos”.
Ao dar sua visão sobre o tema, Guilherme não ataca só os políticos, mas também a população. Ele elege o desinteresse dos brasileiros como o maior mal da política e acredita haver predominância de representantes dos interesses de instituições financeiras no governo, o que ele enxerga como algo negativo. “Para mim, grande parte é somente porta-voz de empresas e bancos”, lamenta.
Lucas concorda que a população deveria pensar melhor na hora de comparecer às urnas. “O maior culpado, além dos políticos, é o povo, que os elege”, acredita. “O Brasil é governado por fazendeiros há anos e ninguém faz nada”, revolta-se ao mesmo tempo em que escancara sua indignação com a aprovação do código florestal, que pode ser vetado pela presidenta Dilma dentro de dias.
Tem quem diga que criticar é fácil, difícil é fazer. Então, se o poder estivesse nas mãos desses jovens, quais seriam suas prioridades? Todos os entrevistados citam educação e saúde como as grandes urgências.
Guilherme e Letícia, por morarem em São Paulo e entorno, ainda lembram o transporte como outro grande problema a ser resolvido. A cidade tem registrado recordes de lentidão nas ruas mesmo com políticas restritivas à circulação de carros e caminhões, além disso os trens, que ligam a capital aos munícipios limítrofes, não escapam das panes e da superlotação.
Foto: Getty ImagesMelhoras na saúde, educação e transporte são as mais esperadas por nossos entrevistados
Mas outro grande mal não foi esquecido. Na esteira da CPI que investiga as ligações do contraventorCarlinhos Cachoeira com agente públicos e privados e também com a possível proximidade do julgamento do chamado mensalão, os jovens se mostram decepcionados com o desperdício de dinheiro público que acreditam existir. “O maior mal, infelizmente, é a corrupção e a falta de seriedade de alguns políticos”, dispara Letícia.
Muito ou pouco confiantes no poder transformador do voto, os adolescentes ao menos já deram o primeiro passo para tentar melhorar o país fazendo valer o direito que têm de participar da eleição. Como a emissão do título de eleitor é opcional na faixa etária em que se encontram, muitos na mesma idade nem sequer consideram a ideia de opinar nas urnas. Guilherme, entretanto, aconselha que exerçam esse direito. “Só assim podem defender suas ideias”, pontua.
Letícia se diz ansiosa e ao mesmo tempo confusa em participar das eleições e acredita que quanto antes as pessoas se envolveram na política, melhor, mas ressalva: “se for para votar em qualquer um, melhor não tirar o título”. Ela diz que fará uma boa pesquisa sobre os candidatos para ter certeza de que votou nas pessoas certas, por mais que elas não sejam eleitas.
Para Guilherme, o maior problema é que grande parte dos brasileiros se interessam pouco por política por acreditarem que o Estado é algo muito distante e que dificilmente será modificado. Ele acredita que essa visão é equivocada, pois é o povo que compõe o governo. “Uma pessoa que não se interessa por política está condenada a ser governada por aquelas que se interessam”, conclui.
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Comissão da Verdade já tem lista com mil crimes

Entre eles, são cerca de 830 casos de mortos e desaparecidos políticos e outras 120 vítimas de agentes da esquerda

Wilson Lima, iG Brasília 
Foto: Roberto Stuckert Filho/PRDilma e os membros da Comissão da Verdade
A Comissão da Verdade já tem uma lista com aproximadamente mil crimes a serem investigados nos dois anos de vigência do órgão. Nem todos esses casos serão alvo de apuração. A tendência é que a partir das próximas reuniões sejam estabelecidas as prioridades e os rumos de cada denúncia recebida até o momento.
Nesse primeiro momento, a Comissão da Verdade trabalha com três listas oficiais. Uma com base em critérios da Comissão da Anistia e da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos que aponta 457 mortos ou desaparecidos políticos durante a ditadura militar. A segunda, baseada em um estudo da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República. Nessa lista existem 370 nomes. E a terceira, com 119 vítimas de agentes da esquerda.
Na próxima segunda-feira (21), será realizada a primeira reunião ordinária da Comissão da Verdade. Mas não há certeza se nela já serão discutidas essas listas. Isso porque a prioridade do órgão é terminar de equacionar questões burocráticas. Apesar dos integrantes terem a promessa da Casa Civil de que receberão toda a estrutura necessária para o desenvolvimento deste trabalho, a estrutura não foi completamente montada.
Conforme o iG informou nesta quinta-feira, pelo volume de informações que a Comissão vem recebendo, a prioridade deve ser a apuração dos crimes cometidos pelo Estado. Cinco dos sete membros querem focar as investigações nos casos de desaparecidos políticos. Apenas dois defendem que o órgão deva incluir também os chamados crimes da esquerda.
Após os primeiros dias de trabalho, a Comissão da Verdade ainda não definiu como serão iniciados os trabalhos de apuração. Se por meio de análise documental, por convite de testemunhas ou alguma forma alternativa de levantamento de dados.
A ideia é tentar, nessa fase de instalação, conseguir informações sobre o funcionamento de pelo menos outras 40 comissões da verdade de outros países para avaliar os pontos positivos e negativos de cada uma. Os integrantes da comissão também buscarão dados de outros órgãos semelhantes já em funcionamento em todo o Brasil, como em São Paulo e em Pernambuco.
 
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Dilma abre guerra ao mandar divulgar salários

Decisão desencadeou uma reação dos sindicatos de servidores, que ameaçam recorrer à Justiça

AE  - Atualizada às 
selo
A decisão da presidente Dilma Rousseff de mandar publicar na internet os salários, com todos os penduricalhos, dos ocupantes de cargos públicos no Executivo desencadeou uma reação dos sindicatos de servidores, que foi reforçada pela resistência da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e entidades do Judiciário, e vai acabar em uma batalha judicial.
Leia também: Lei da Informação mobiliza busca por dados de ex-ministros 

Com isso, a Lei de Acesso, criada com o objetivo de tornar a gestão pública mais transparente e eliminar as resistências à divulgação de dados oficiais, pode virar objeto de disputa entre Poderes. Servidores federais ameaçam ir à Justiça contra a divulgação de salários, auxílios, ajudas de custo, jetons e "quaisquer vantagens pecuniárias," de maneira individualizada, dos ocupantes de cargos públicos.
Válido para o Executivo federal, o decreto publicado nesta quinta no Diário Oficial da União deve constranger os Poderes Judiciário e Legislativo de todo País - e vai na contramão da postura do Senado Federal, que decidiu que os vencimentos dos funcionários são informação protegida.
Em cerimônia realizada no Palácio do Planalto na última quarta-feira, a presidente disse que a transparência funciona como inibidor eficiente de "todos os maus usos do dinheiro público". "Fiscalização, controle e avaliação são a base de uma ação pública ética e honesta", afirmou Dilma, que já perdeu sete ministros por conta de denúncias.
Para o secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), Josemilton Maurício da Costa, a divulgação de salários expõe a intimidade do servidor.
"Transparência tem limite. O servidor já declara o seu imposto de renda, vai ter exposto o contracheque pra todo mundo ver? É no mínimo quebra de sigilo, é um desrespeito à intimidade do servidor e abre espaço para tudo que é mazela, sequestro relâmpago, má-fé", criticou Costa, que não quis informar seu salário.
"A presidente Dilma tem de se preocupar é com quem pratica a dilapidação do patrimônio público e acumula rendas ilícitas. Hoje o governo Dilma virou balcão de negócios, esses (os servidores comissionados) é que têm de ter sua renda exposta." Na avaliação do secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep-DF), Oton Pereira, a divulgação individualizada é "invasão de privacidade".
"A corrupção e os desvios públicos não se dão no contracheque do servidor. Se dão nas negociatas, convênios, nas terceirizações, nas negociatas dos gabinetes ministeriais. É desviar a atenção do foco principal", condena. "Os servidores conhecem muito bem os salários de todo mundo. É invasão de privacidade." Questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o secretário-geral disse que ganha mensalmente R$ 5.650 brutos. Sindsep e Condsef já estão consultando suas assessorias para ir à Justiça e reverter a decisão da presidente, caso o Planalto não volte atrás.
Mundo
Outros países que implantaram lei de acesso à informação passaram por situações semelhantes, observa o assessor de Comunicação e Informação da Unesco para o Mercosul e Chile, Guilherme Canela. "Essa discussão está posta e muitas democracias tem decidido pela publicação, sem grandes repercussões negativas para os funcionários individualmente e em geral com repercussões positivas para a sociedade como um tudo", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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