segunda-feira, 14 de maio de 2012


Filha de Mauricio de Sousa ensina a 



desenhar no 'Draw Something'



Viciada no jogo, Marina Sousa dá dicas de como melhorar as criações.
Game exige que jogador faça desenho e envie para amigo adivinhar.

Laura BrentanoDo G1, em São Paulo
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Desenhista desde criança, Marina Sousa começou a jogar "Draw Something" há um mês e já está viciada. Filha de Mauricio de Sousa, desenhista  e roteirista da Turma da Mônica, Marina, de 27 anos, faz parte dos 10 milhões de usuários ativos do aplicativo.

O "Draw Something" funciona como o jogo “Imagem e Ação”: após baixar o game no celular (Android ou iPhone), o jogador recebe três alternativas de palavras (em inglês) para desenhar para um amigo, que consegue visualizar o passo a passo da criação para tentar adivinhar o desenho.
“Para mim, está sendo um exercício enorme de criatividade. Estou enxergando as coisas de outra forma e aprendendo a fugir do comum”, conta Marina, que usa um iPad para brincar no “Draw Something”. “Usar o tablet dá uma chance maior de expor meu trabalho. Gosto de dividir minhas criações com os amigos e ver a criatividade deles”.
Marina Sousa mostra uma das suas criações para o 'Draw Something' no iPad (Foto: Laura Brentano/G1)Marina Sousa mostra uma das suas criações para o 'Draw Something' no iPad (Foto: Laura Brentano/G1)
O game não tem vencedor nem placar com os melhores jogadores. O usuário precisa escolher uma palavra baseado em um nível de dificuldade. Quanto mais difícil for, mais moedas ele ganha caso o adversário acerte o desenho, o que lhe permite comprar novas cores. Toda semana, a equipe de desenvolvimento do Draw Something adiciona novas palavras ao game e tira termos mais antigos. “Observamos os mais recentes lançamentos de músicas, programas de TV e filmes para incluí-los no jogo”, explica a assessoria do game.
Marina Sousa desenha desde pequena. Quando criança, ganhou um personagem na Turma da Mônica de mesmo nome (Foto: Arquivo pessoal)Quando criança, Marina ganhou um personagem
na Turma da Mônica de mesmo nome. Marina
desenha desde pequena (Foto: Arquivo pessoal)
Para iPad e iPhone, o aplicativo é vendido na loja norte-americana do iTunes por US$ 1. Para celulares e tablets equipados com o Android, é possível baixar o programa no Google Play de graça ou por R$ 3,81, na versão completa.
Marina é apaixonada por desenho desde que se conhece por gente. Ainda muito pequena, ela carregava uma prancheta para desenhar e virou inspiração para a personagem da Turma da Mônica de mesmo nome. Nos quadrinhos, Maurício de Sousa reproduziu, além do cabelo ondulado que tinha quando criança, a principal característica da filha: seu gosto pelo desenho. Hoje, ela trabalha com o pai como desenhista e roteirista da Turma da Mônica. “Nosso trabalho nos estúdios é 100% digital hoje. É muito mais fácil, rápido e tranquilo para corrigir, diminuir ou adicionar algo aos desenhos”.
Adivinhação é o ponto alto
Diferente de Marina, adivinhar as criações mirabolantes dos amigos é a maior atração do game para Maria Carolina Cintra. Ela trabalha com desenvolvimento de aplicativos e foi uma das primeiras usuárias do game no Brasil. Maria Carolina baixou o aplicativo há mais de dois meses e joga Draw Something até no banheiro. “Não fico nem duas horas sem jogar”, conta.
Marina Sousa usa personagens da Turma da Mônica para fazer seus desenhos no Draw Something (Foto: Reprodução)Marina usa personagens da Turma da Mônica
para fazer seus desenhos no Draw Something
(Foto: Reprodução)
Para ajudar na parte mais difícil do jogo para Maria Carolina – o desenho –, ela comprou uma caneta para o seu smartphone Galaxy, da Samsung. “Como não sou uma grande desenhista, gosto de adivinhar o que os outros estão fazendo e ver como as pessoas chegam àquelas conclusões mirabolantes”, diz. Mesmo ligada à tecnologia, Maria Carolina não faz parte da “geração de gamers”. “Enjoo fácil de qualquer jogo de celular”, conta.

Para ela, o aspecto social do Draw Something atraiu os jogadores que nunca pensaram em comprar um console de videogame. “O Draw Something é muito popular até para quem nunca jogou nada no celular. Conheço uma pessoa que comprou um smartphone só para poder jogar o game”, conta. “A parte social, de você poder mandar recados e compartilhar os desenhos no Facebook, é o maior atrativo do jogo”, opina. Essas funções foram acrescentadas ao Draw Something em abril por meio de uma atualização, que agora permite publicar as criações no Twitter e no Facebook e comentar os desenhos de amigos.

Explosão de downloads
Apesar da grande popularidade no Brasil, o Draw Something está disponível apenas em inglês e não há previsão de ganhar versões para outros idiomas. Para Maria Carolina, isso é uma barreira para o avanço do jogo no país. Ela acredita que o game poderia ser ainda mais popular se houvesse uma versão em português.

No início de abril, o Draw Something ultrapassou 50 milhões de downloads e atingiu 14 milhões de jogadores ativos. Porém, em pesquisa divulgada no início de maio, a empresa AppData revelou que o game perdeu 4 milhões de usuários diários. Segundo reportagem da Forbes, o jogo experimentou uma explosão de downloads impressionante, e agora que está amadurecendo.

A explosão do Draw Something seguiu a mesma linha de outros jogos para celular, como o Angry Birds, segundo o professor Rogério Félix, coordenador da escola de desenvolvimento de games Saga. “O Draw Something pegou um mercado que já estava acostumado a fazer isso”, diz Félix. Ou seja, usar as redes sociais para comentar um game, compartilhar informações e convidar as pessoas para jogar.

"Além disso, o jogo remete ao nosso inconsciente e à nossa infância”, explica Félix. “Muitas vezes, as pessoas aprendem a se expressar por desenhos antes de se usar uma linguagem de símbolos”, acrescenta. Para o professor, com o desenrolar da nossa formação educacional, existia muito preconceito sobre o que é bonito. “Esse game veio para jogar tudo isso para cima. Você consegue jogá-lo mesmo sem saber desenhar. O Draw Something é a dica que você passa pelo desenho”, opina.
Alguns dos desenhos 'infames' feitos por Marcelo Colmenero: 'lovebird', 'lebron' e hiking' (Foto: Reprodução)Alguns dos desenhos 'infames' feitos por Marcelo Colmenero: 'lovebird', 'lebron' e hiking' (Foto: Reprodução)
Dois desenhos, uma palavra
Para dificultar a adivinhação dos jogadores mais avançados, Marcelo Colmenero, de 29 anos, amigo de Marina, arrisca fazer dois desenhos que, juntos, formam uma palavra. “Gosto de criar desenhos ‘infames’. Por exemplo: em vez de fazer um soldado, faço um ‘sol’ mais um ‘dado’. Mas depende da palavra”, conta Colmenero. “À vezes, jogar dessa forma pode ser mais complicado. O divertido do Draw Something é o processo de desenhar e adivinhar, porque os pontos não valem nada”, opina.
Marcelo Colmenero, de 29 anos, trabalha com comunicação, mas sempre gostou de desenhar. Ele joga Draw Something faz quase dois meses (Foto: Arquivo pessoal)Marcelo trabalha com comunicação, mas sempre
gostou de desenhar. Ele joga 'Draw Something'
faz quase dois meses (Foto: Arquivo pessoal)
Colmenero trabalha com comunicação, mas sempre gostou de desenhar. No início, ele jogava com o dedo, inclusive o dedão. “Já cheguei a usar o indicador como se fosse uma canetinha”, conta. Depois, ele encontrou em casa uma caneta para iPhone. “Ela dá uma melhora absurda porque tem mais precisão. Mas já decidi não jogar no ônibus porque treme muito”, brinca. Desenhista desde criança, Colmenero ainda prefere o papel. “O iPhone não dá a precisão que a caneta e o papel dão”.

Depois de virar moda, o Draw Something já formou artistas pelo mundo. É fácil encontrar na internet blogs e páginas que reúnem os melhores desenhos já feitos no jogo. A própria página do Draw Something no Facebook elege, diariamente, a melhor criação enviada ao aplicativo.
Por isso, depois de recolher e guardar no celular os desenhos mais “infames”, Colmenero teve a ideia de criar o Thumblr “Arrepiando no Draw Something”. “Não pensei em criar o blog para mostrar os desenhos mais bem feitos, mas os mais infames, ou seja, pode ser tosco, mas é divertido”, conta.

História
O aplicativo para celulares foi lançado em fevereiro deste ano, mas a história do "Draw Something" começou em 2008. “A inspiração para o game veio há cerca de quatro anos, quando a primeira versão do jogo foi criada em nosso site”, conta Dan Porter, vice-presidente e diretor-geral da Zynga, que comprou a OMGPOP, criadora do "Draw Something", em março deste ano. Antes da aquisição, Porter era presidente-executivo da OMGPOP.

“Draw Something é a terceira versão do Draw My Thing. A versão original foi lançada no site da OMGPOP em 2008, seguida por uma segunda versão para Facebook em 2011”, conta Porter em entrevista por e-mail ao G1. O nome original do game foi alterado para facilitar a busca pelo programa nas lojas virtuais.

Conforme Porter, a experiência anterior ao criar o Draw My Thing deu ideias que foram adicionadas ao Draw Something. “Ainda alteramos e aperfeiçoamos o aplicativo até chegar ao que ele é hoje”, conta. Porter diz que a empresa não tinha noção de que o Draw Something seria um fenômeno global. “Acho que poder jogar em qualquer lugar, a qualquer hora, com a mistura de elementos culturais e sociais relevantes, atingiram essa audiência”.

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