domingo, 13 de maio de 2012


Como usar cintos a favor da silhueta

Dos mais fininhos aos que lembram um corset, os cintos podem fazer milagres – ou desastres – pelos looks casuais ou festivos

Ana Heloísa Costa 
De volta à tona há algumas temporadas, os cintos caíram nas graças das mulheres que buscavam cinturas mais definidas. Aparentemente fácil de usar, o acessório pode prejudicar a silhueta em vez de contribuir para melhores formas. Antes de se inspirar nos looks bem-sucedidos das famosas usando cintos de várias espessuras, olha só como o acessório pode comprometer o bom gosto:
Como não usar cintos:
Foto: Getty ImagesKim Kardashian, Alicia Lagano, Theresa Moore e Heidi Klum

Para pessoas curvilíneas como a Kim Kardashian, a melhor opção é o cinto fininho, usado com uma peça mais soltinha. O cinto largo e de tom contrastante com as roupas acentuou a forma “ampulheta” da moça e ainda fez parecer que seus seios estão caídos. No caso da Alicia Lagano, o problema é o excesso de tecido do macaquinho, somado ao cinto largo e também contrastante. Além disso, a manga morcego não é a melhor companhia para uma cintura marcada. A combinação achata o torso. No terceiro caso, há um problema de ajuste que fez parecer que a Theresa Moore tinha uma barriga que, na verdade, não existe. Para mulheres em gestação já avançada, posicionar o cinto abaixo da barriga tornará a silhueta parecida com a de uma barriga de chopp pulando da calça jeans...
Como usar cintos fininhos:
Foto: Getty ImagesClaire Danes, Emily Blunt e Pia Toscano
Modelos fininhos são os atuais queridinhos das famosas, que os usam para marcar a cintura em vestidos longos ou longuetes ou em versões coloridas para dar mais graça ao visual, como fez Claire Danes. Quanto aos cintos mais finos, é importante optar por tecidos mais estruturados ou cintas usadas por baixo da roupa caso o peso esteja além do ideal. Em caso de donas de seios grandes, caso o vestido não seja de um tecido mais firme, o cinto tende a sumir no meio do tecido.
Mais grossinhos e sem fivela:
Foto: Getty ImagesRachael Fint, Catherine Middleton e Kimberly Wyatt

Hit no hemisfério norte são os modelos intermediários quanto à espessura istas quanto ao estilo; sem fivelas aparentes. Estes modelos são fáceis de usar e são companhias perfeitas para saias rodadas e pepluns. O modelo com cerca de três centímetros de espessura ainda arremata com firmeza o casaco usado como vestido.
Cintos grossos ou corsets que ficam abaixo do busto:
Foto: Getty ImagesSalma Hayek, Jessica Chastain e Kelly Osbourne

Se você está bastante acima do peso, evite os modelos mais grossos, já que eles podem forçar a barra e fazer parecer que a dona do look mal consegue respirar. Também vale optar por vestidos com saias mais soltas, como as de Salma Hayek, Jessica Chastain e Kelly Osbourne. Um modelo grosso em mulheres curvilíneas surtirá o mesmo efeito que o do look de Kim Kardashian; que salientou excessivamente as formas.
Cinto e calça:
Foto: Getty ImagesPrincesa Letizia, Anna Dello Russo e Sami Gayle
Esqueça – pelo menos durante esta temporada – os cintos largos para usar sob os passadores de calças. Com a queda do visual “cowgirl”, com direito a fivelas extravagantes ou do “rocker”, com cintos com tachas usados abaixo da cintura, vale optar pela discrição de modelos delicados. A Princesa Letizia, da Espanha, e a atriz Sami Gayle optaram por versões de tons próximos às da roupa. O resultado é harmônico e fácil de usar. Já Anna Dello Russo, brincou com um dos tons da estampa da camisa e usou um modelo mais aparente. Vale também. Usado com uma calça de cintura um pouco mais alta, o cinto ajuda a alongar as pernas.
Macacão acinturado:
Foto: Getty ImagesIrina Shayk, Sophia Coppola e Nazan Eckes
O casamento entre macacões e cintos é perfeito. O acessório marca a altura da cintura, alonga as pernas e ainda dá graça ao visual. Note que nas produções eleitas, colares e brincos grandes foram dispensados. Melhor usar acessórios mais extravagantes nas mãos e braços.
Cinto em looks de festa:
Foto: Getty ImagesRooney Mara, Amy Adams e Zhang Ziyi
Dificilmente um cinto de couro usado no dia-a-dia fará uma boa companhia a um vestido longo, de festa. Melhor optar por versões de tecidos nobres ou metalizados. No caso de Rooney Mara, o couro serviu para brincar de contraste com a delicadeza da renda. Funcionou, mas note que o cinto é super simples, sem fivela ou qualquer outro adereço. Nos outros looks, as peças serviram para marcar a cintura e dar mais graça ao look. Looks festa acinturados ainda são dignos de tapete vermelho, mas são um pouco mais descontraídos do que os visuais não acinturados.
Cintos em looks de gestantes:
Foto: Getty ImagesLindsay Sloane, January Jones e Bryce Dallas Howard
Para as grávidas, o acessório pode ser um bom aliado, que molda os vestidos e batas esvoaçantes usados no período. Posicionados um pouco acima da cintura, eles alongam a silhueta e ajudam a mostrar que a barriguinha existe por um bom motivo. Os modelos ideais vão dos fininhos até os de espessura média. 
 
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Faça uma parede com efeito marmorizado

Veja, passo a passo, como criar uma textura de mármore na pintura e dê cara nova aos ambientes de casa

Bruna Bessi , iG São Paulo 
A parede está pedindo uma nova pintura e você já cansou do visual branco? Caso a resposta seja positiva, uma boa ideia para variar a decoração do ambiente é apostar em tintas coloridas ou com efeitos diferenciados, como o de mármore. Fácil de fazer e de baixo custo, esse tipo de transformação pode ser feito por você mesmo, sem a necessidade de contratar mão de obra especializada.
Divulgação
Efeito marmorizado aplicado na parede deu ar de requinte ao ambiente
Antes de começar os trabalhos, entretanto, é preciso que a superfície esteja preparada para receber a textura. Isso significa ter uma parede lisa, em bom estado de conservação e na cor branca. Outro cuidado importante, quando se trata de pintura, é isolar as paredes laterais e o piso com fita crepe para não prejudicar o acabamento.
A aplicação da textura não será trabalhosa, mas exigirá certa habilidade. Por isso, antes de enfrentar uma parede inteira, o ideal é treinar em áreas menores, como placas de madeira. Repita o treino umas três ou quatro vezes antes de começar em um canto mais escondido da parede.
Material necessário:
1 cera incolor1 fita crepe1 lixa d’água nº 3601 flanela1 espuma 22 x 13 cm1 desempenadeira convencional de aço1 desempenadeira de mármore1 espátula de aço1 vassoura com cerdas macias1 tinta Suvinil Texturado Especial na cor Café Expresso
Tinta passada, acabamento perfeito, fim da tarefa? Ainda não. Para manter o resultado por mais tempo, tente não deixar a água entrar em contato direto com a textura e passe cera líquida por toda a parede ao menos uma vez por mês. 
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O fim da culpa

Trabalhar fora, perder a paciência, sair para jantar com o marido: entenda por que as mães não precisam se culpar por nada disso

Renata Losso - especial para o iG São Paulo
“Eu não pedi para nascer!”. Para Tania Zagury, mestre em educação e autora de mais de 20 livros – entre eles “Educar Sem Culpa - A Gênese da Ética” (Editora Record) – a fatídica frase representa o quanto as mães se tornaram “devedoras” dos filhos hoje. Mesmo com tantas mudanças socioculturais ao longo das últimas décadas, muitas mulheres ainda acreditam que, para serem boas, precisam estar à disposição dos filhos o tempo todo. Mas os tempos são outros. 
Arquivo pessoal
Gisele e os filhos, Cássio e Cecília: alívio ao ser demitida e trabalho em casa, ilustrando livros infantis
A luta pela realização pessoal da mulher trouxe às famílias a ausência de ambos os genitores em casa. Além disso, Zagury conta que a sociedade voltou-se muito mais aos aspectos psicológicos do ser humano e ficou fácil colocar a culpa de tudo que dá de errado nos pais – mesmo que esse sentimento esteja muitas vezes equivocado. 

Faça o teste: que tipo de mãe você é na educação do seu filho? 
“É como se não tivéssemos atualizado o papel de mães dentro de nós”, diz a psicóloga e psicoterapeuta Natércia Tiba, autora do recém-lançado “Mulher Sem Script” (Integrare Editora). Assim, a culpa número 1 das mães continua sendo o desencontro entre trabalho e filhos. 
Getty Images
Realização pessoal também deve entrar na balança
Filhos x trabalho
A arte-terapeuta e ilustradora Gisele Barcellos, de 35 anos, sabe bem o que é isso. Quando engravidou do primeiro filho, trabalhava fora e perdia tudo o que acontecia com Cássio, hoje de sete anos, enquanto o menino ficava com a avó. “Eu ficava dividida, mas não tinha coragem de deixar o trabalho”. 

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Quando Gisele foi demitida, ficou aliviada. Dois anos depois, a segunda filha, Cecília, nasceu, e Gisele encarou de novo o dilema. Seria melhor trabalhar fora e oferecer mais a eles, como aulas de natação, violino, espanhol? Ou era melhor ficar em casa ensinando-os a serem bons cidadãos? Gisele entrou em parafuso até ficar realmente feliz com a opção que fez: ilustrar livros infantis em casa quando os pequenos não estão por perto. 
Onde foi que eu errei?
A culpa é uma armadilha que pode surgir por todos os lados. Quando um dos filhos não tira nota boa, a administradora Claudia*, 38 anos – mãe de Alexandre* e Fernando*, de nove e 13 – pensa que poderia ter ajudado mais se não trabalhasse fora. “A mãe está sempre se culpando por alguma coisa, embora não tenha culpa de nada”, diz. 

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A questão do trabalho é a principal fonte de culpa entre as mães, mas não a única. Quando o filho mais velho sofreu bullying na segunda série do Ensino Fundamental, Cristiane também se culpou. Alexandre estava adiantando e era o mais novinho da sala. A mãe se culpa até hoje por tê-lo colocado mais cedo na escola.
Ao tentar equilibrar a balança trabalho x filhos, muitas mulheres deixam de pesar um fator importante na equação: a própria realização pessoal. Isso também faz bem para os filhos, pois ser uma pessoa realizada é um exemplo melhor. Além do mais, estar o tempo todo com eles não garante a boa educação. Cristiane, por exemplo, só se sentia culpada por trabalhar fora quando os filhos ficavam doentes – mas sabia que estava educando-os da maneira que gostaria.
Filhos x vida própria
Natércia lembra outra fonte de culpa comum, além do trabalho: ter vida própria, independente do filho. Uma mulher que eventualmente sai com o marido e deixa o filho com a babá, por exemplo, não precisa se sentir culpada por isso. “Existem circunstâncias que nos tiram de perto dos filhos e ainda bem que isso acontece. Senão, um casal pode sair muito prejudicado com a chegada de uma criança”.

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Getty Images
Crianças têm necessidades diferentes e devem ser tratadas de acordo com elas
Filho x filho
Aumentar a família também pode ser uma fonte inesgotável de culpa se as mães caírem na velha história do “se eu dei para um, também tenho que dar para o outro”. “As mães acreditam que tratar os filhos igualmente é o mais justo, mas justo mesmo é tratar o filho de forma única e oferecer o que ele precisa”, explica Natércia. Por isso, trabalhar fora pela sua própria realização pessoal vale o esforço. Mas para comprar mais presentes ou colocar as crianças em uma escola melhor, nem sempre.
Filho x você mesma
Para a psicóloga Elizabeth Monteiro, autora dorecém-lançado “A Culpa é da Mãe” (Summus Editorial), muitas mulheres se culpam por acharem que estão rejeitando o filho quando perdem a paciência ou tomam outras pequenas atitudes cotidianas comuns. 
Para evitar esse sentimento, é preciso se conscientizar das próprias limitações e saber lidar com elas. Ninguém está contente o tempo todo e é natural ser assim, inclusive com os filhos. Além disso, a mãe que se sente frequentemente culpada pode acabar superprotegendo o filho. E excesso de mãe é tão ruim quanto a falta.
 
* Os nomes foram trocados a pedido da entrevistada.
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Questões do amor

Regina Navarro Lins fala de sexualidade e relacionamentos

é psicanalista e escritora, autora do livro “A Cama na Varanda”, entre outros. Twitter: @reginanavarro

Ser mãe deve ser uma escolha ou uma obrigação?

Apesar de a mulher ter se emancipado em vários aspectos, a maior expectativa que ainda hoje se tem em relação a ela é que seja mãe

07/05/2012 08:30
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Meg é uma fisioterapeuta de 26 anos, que se casou há quatro. Desde então viveu atormentada com a cobrança de todos em sua volta: “quando vem o bebê?” O marido, o único que não insistia no assunto, não conseguia esconder a profunda decepção quando a ouvia dizer não estar certa de querer filhos. Não suportando a pressão, Meg parou de tomar pílula e pouco depois engravidou. “Eu não aguentava mais! Minha sogra começou a me tratar diferente, meus pais tentavam me convencer de que assim eu perderia meu marido, até minhas amigas diziam que eu tinha medo de crescer. Eles venceram...vou ter um filho. Mas estou preocupada. Acho que não vou ser boa mãe; não tenho a menor vontade de cuidar de criança.”
Ouvindo o caso de Meg, lembrei-me de Kate Middleton. Como deve estar se sentindo a mulher do príncipe William, com a cobrança que lhe fazem por um herdeiro? A família real inglesa e os súditos não estão gostando nada de um ano após o casamento não haver notícia de um bebê a caminho.
Foto: Thinkstock/Getty ImagesAmpliar
Será que todas as mulheres inquietas quanto à maternidade desejam realmente ter filhos?
Como é difícil escapar dos modelos! Apesar de a mulher ter se emancipado em vários aspectos, a maior expectativa que ainda hoje se tem em relação a ela é que seja mãe. Não é raro olharem com piedade para as mulheres que não têm filhos e criticarem as que não querem tê-los. A pressão ideológica é tanta que é raro encontrar uma mulher com mais de 35 anos que, não tendo filhos, esteja tranquila quanto à possibilidade de nunca vir a ser mãe.
Com o passar do tempo, algumas tomam decisões que não podem mais ser adiadas: escolhem qualquer homem para ser pai do seu filho ou então, em uma medida mais extrema, buscam num banco de sêmen um doador desconhecido. Será que todas essas mulheres inquietas quanto à maternidade desejam realmente ter filhos? Ser mãe seria então um desejo inerente à natureza da mulher, que só assim alcançaria a plena realização? Não acredito em nada disso. Mesmo porque a maternidade, como vários outros aspectos da nossa vida tidos como inquestionáveis, tem uma história.
Em todas as épocas e lugares, a partir da instituição do patriarcado, há cinco mil anos, era comum o homem repudiar a mulher e se casar novamente. Para isso não faltavam pretextos e um dos mais convincentes era o não nascimento de um filho. Afinal, ele queria ter um herdeiro ou mais braços para ajudá-lo no trabalho. O contrato de casamento era feito entre as duas famílias e, caso a mulher não procriasse, era devolvida aos pais ou ia para um convento. O casamento só se tornou indissolúvel a partir do século 13, quando a Igreja passou a controlá-lo. Entretanto, observando a forma como as mães se relacionavam com os filhos nos séculos 17 e 18, fica claro que não somente o desejo ter filhos, mas também o amor materno, não é inerente às mulheres. É um sentimento que pode ou não se desenvolver, dependendo dos interesses sócio-econômicos de um grupo.
Naquela época a amamentação passou a ser considerada ridícula e repugnante e não era considerado digno uma mulher amamentar seu próprio filho. Só para ter uma ideia, das 20 mil crianças nascidas em Paris, em 1780, menos de mil foram amamentadas pelas mães. Todas as outras foram morar com amas-de-leite, na maioria das vezes mulheres doentes, que nem leite tinham. Os pedagogos recomendavam aos pais frieza em relação aos filhos, lembrando-lhes incessantemente sua malignidade natural, que seria pecado alimentar. E as mães eram criticadas duramente caso demonstrassem ternura. A finalidade da educação era salvar a alma do pecado; para isso não se poupavam argumentos para convencer as mães de que as crianças deveriam ser severamente castigadas.
Mas houve uma grande reviravolta. A inclusão da ideia do amor romântico como possibilidade para o casamento, junto a outras várias influências, transformaram as mentalidades a partir do final do século 18. Com o surgimento das fábricas e escritórios, a área doméstica começou a se opor à área pública, cultivando-se a casa como lar e a necessária privacidade. Ocorreu então o que alguns autores denominam “a invenção da maternidade”. O novo papel da mulher, a mãe idealizada, originou uma nova concepção de feminilidade. A imagem da esposa e mãe reforçou um modelo diferente para os dois sexos das atividades e dos sentimentos. Associou-se maternidade a feminilidade, como sendo atributos da personalidade.
No século 19 várias teorias foram criadas sustentando que o único prazer da mulher era ter filhos e criá-los, e que ela não se interessaria por sexo. Seu aparelho genital serviria tão somente à procriação. O fato de ser capaz de ter filhos passou a significar que os desejaria naturalmente. Claro que essas ideias, além de comprometerem a sexualidade feminina, atuam como pressão ideológica. Muitas mulheres acreditam que desejam filhos sem que esse desejo realmente exista. Quando o condicionamento cultural é muito forte, ao nos tornar adultos não sabemos mais diferenciar o que desejamos realmente e o que aprendemos a desejar.
Atualmente outra grande transformação está em andamento. Para as mulheres que julgam que sua realização pessoal depende do êxito profissional, a questão da maternidade se coloca em outros termos. Elas têm filhos cada vez mais tarde e esperam de seus parceiros uma divisão igualitária nos trabalhos domésticos e na educação das crianças. E a crescente rejeição aos modelos tradicionais de comportamento permite que se percebam com mais clareza os próprios desejos. Ter ou não ter filhos passa a ser uma opção individual, longe da cobrança de corresponder ao modelo imposto de mulher ideal.
 

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  • Mãe-coragem: ela planejou uma filha para curar a outra

    Jênyce foi a primeira mulher do Brasil a abrir caminho para que a gravidez ajude crianças nascidas com doenças genéticas

    Fernanda Aranda, iG São Paulo 
    Foto: AE / Evelson de FreitasJênice com Maria Clara: "Não teria uma filha só para salvar a irmã. Maria Clara foi planejada"
    Quando os dois irmãos chegaram para dividir a casa em Santos, litoral paulista, Jênyce Reginato, a mais velha dos três, logo decidiu que queria ter família grande. “Adorei a ideia de casa cheia. Já menina passei a sonhar em ter mais de um filho”, lembra.
    Não imaginava, porém, que sua segunda gravidez vivenciada aos 32 anos – fruto do casamento com Eduardo Cunha – seria um marco não só pessoal mas também para a ciência brasileira.
    A filha mais nova de Jênyce foi planejada não apenas para aumentar o núcleo familiar dos Reginato Cunha. Em um procedimento pioneiro – de selecionar o DNA dos embriões antes mesmo dafertilização in vitro – a caçula Maria Clara chegou ao mundo, no início de fevereiro, com a capacidade de curar a irmã Maria Vitória, portadora de uma doença genética.
    Maria Vitória, 5 anos, nasceu com talassemia, um problema no sangue que exige transfusões semanais para evitar a anemia severa. Não há cura via medicamento e o tratamento definitivo é otransplante de medula óssea, parte do corpo que funciona como uma “indústria” de células sanguíneas.
    Encontrar um doador compatível para o transplante pode demorar anos. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), responsável por coordenar o banco de doadores para este tipo de transplante, mostram que 25% dos pacientes nunca conseguem a doação. Os parentes podem se candidatar para o procedimento, mas Jênyce, o marido e os familiares não eram compatíveis com Maria Vitória. Até então, a pequena era filha única.
    “Um irmão poderia ter as características semelhantes e, com sorte, seria um doador compatível. Pesquisei inúmeros livros e descobri que poderia contar mais do que com a sorte neste processo”, lembra Jênyce.
    “A medicina poderia ser nossa aliada e realizar um duplo sonho meu: engravidar pela segunda vez, sem correr o risco da criança também nascer com talassemia, e ainda curar a minha mais velha.”
    Outras 3 gestações
    Maria Clara então passou a ser idealizada em conjunto pelo casal, pelo geneticista Ciro Martinhago e pelo médico especializado em reprodução humana, Edson Borges. A “gestação” do bebê com 100% de compatibilidade para o transplante – e que pudesse ser o doador medular por meio do sangue do cordão umbilical – durou 24 meses.
    A caçula nasceu e as avaliações em laboratório mostraram que, sim, ela pode fazer com que a irmã não precise mais das transfusões de sangue. Em pouco tempo, “tomar o sanguinho” – como a menina chama o procedimento – não será mais necessário e os braços da garota também não serão mais incomodados semanalmente pelas agulhas. O transplante deve ocorrer no final do ano.
    Foto: AEMaria Vitória beija Maria Clara: a caçula pode salvar a vida da irmã mais velha
    A família Cunha cresceu e Jênyce, ao que tudo indica, também será um marco para outras gestações no País.
    “Depois deste caso pioneiro, já começamos o atendimento para a seleção genética dos embriões de 20 pessoas. Já temos três processos de fertilização in vitro em curso, com gametas selecionados (dois para serem doadores compatíveis para crianças com talassemia e um para um portador de anemia falciforme)”, conta Martinhago.
    “Pode ser uma luz no fim do túnel para as doenças genéticas e ainda desafogar a fila de espera para o transplante de medula óssea”, afirma o geneticista, que já projeta para um futuro não tão distante utilizar este mesmo procedimento para ajudar crianças com leucemia.
    Quando adolescente, Jênyce não imaginava que suas vivências poderiam configurar uma luz no fim do túnel para mães de crianças com doenças genéticas. Ela conta que não tinha ideia de que seus passos despertariam discussões éticas sobre o uso da fertilização in vitro como terapia para portadores de genes doentes – o tema está no cerne das reuniões do Conselho Federal de Medicina, das comissões de bioética e também de instituições religiosas em todo o País.
    Fã de rock, aspirante à carreira de modelo, dividida entre as bonecas e as brincadeiras no quintal, quando jovem ela só desejava ter uma profissão com diploma, casar com “um cara bacana” e, quem sabe, ter três filhos. De preferência filhas. Já naquela época, conta, ela pensava em colocar Maria como o primeiro nome para todas. Um nome "simples, forte e cheio de personalidade”.
    Perto dos 18 anos, deixou a praia, o calçadão e as festas de Santos para morar em Cerquilho, cidade do interior paulista onde o pai, médico, abriu consultório. Sempre foi rodeada de amigos, mas ao menor sinal de solidão, sabia que podia contar com os irmãos.
    "Ainda ganhava uns trocos como modelo, mas o vestibular já estava próximo. Escolhi fazer biomedicina em Marília (também no interior). Fui aprovada, mudei de cidade, deixei de desfilar e de fazer fotos e ainda terminei com o namorado”, conta. A vida tinha mudado completamente, mas a vontade de ser mãe ainda permanecia intacta.
    Melhor presente

    Em um final de semana de plantão, sem disposição para nada, Jênyce juntou forças e foi a uma festa de casamento em Cerquilho. Na pista de dança, encontrou Eduardo. Casaram e, depois de dois anos, o ultrassom mostrou que uma menina estava dentro daquela barriguinha crescente.
    A gravidez foi tranquila. Maria Vitória nasceu com a cara do pai, o jeito da mãe, e com a mistura dos genes de ambos. Infelizmente, os dois eram portadores do gene da talassemia. Logo a bebê que enchia a casa de alegria começou a ter manchas no corpo e febre alta. Os exames mostraram a alteração nas células sanguíneas. Desde então, Maria Vitória começou a receber transfusões de sangue.
    “Quando chega perto da data da transfusão, ela já fica mais fraquinha, como se a bateria estivesse acabando. Sei que ela não corre risco de morrer por causa da talassemia, mas é uma complicação na vida dela.”
    Jênyce começou então a pesquisar, estudar e descobriu que no exterior já eram estudadas técnicas para selecionar os embriões completamente compatíveis para o transplante. Um dos maiores pesquisadores por trás destes experimentos era o brasileiro Ciro Martinhago. Maria Vitória estava com 2,5 anos, “já na fase de ganhar uma irmãzinha”, pensava a mãe.
    Um dos pontos mais debatidos e polêmicos do processo que garantiu a segunda gestação de Jênyce simultaneamente à garantia de que Maria Clara será a doadora do cordão umbilical para para Maria Vitória foi: será certo gerar uma criança só para salvar outra pessoa, sem respeitar o direito individual? Jênyce (pode surpreender) mas responde não para a dúvida acima.
    “Não teria uma filha só para salvar a irmã. Maria Clara foi planejada, eu queria muito uma segunda gravidez”, diz.
    A mãe reforça: mais do que não precisar mais das transfuões, o melhor presente que Maria Vitória poderia ganhar é o prazer de ter uma irmã. Daqui três anos, talvez, a dupla de Marias vire um trio. Jênyce gostaria de trazer o mundo a Maria Eduarda, as três marias sonhadas lá na infância.
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    Supermães divertidas da TV e do cinema

    Elas fazem tudo que as mães da vida real fazem: alimentam, cuidam, educam e amam seus filhos! E ainda fazem rir com seus enganos, suas trapalhadas e confusões. Mas será que toda mãe não é um pouco assim, exagerada, preocupada, mas cheia de boas intenções?

    iG São Paulo  - Atualizada às 

    Ser mãe às vezes é uma tarefa digna de uma heroína, como a personagem Lois Griffin da animação “Family Guy” . Foto: Divulgação
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    51 sapatos coloridos para noivas

    Combinar os sapatos com um tom do buquê ou ousar em uma cor marcante: veja modelos para subir ao altar

    iG São Paulo
    Também possível fazer uma troca de sapatos: branco na cerimônia e colorido na festa. De Santa Lolla. Foto: Divulgação
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